segunda-feira, 5 de maio de 2014

Brasília multicultural

“Quando disseram que o Estádio Mané Garrincha seria um elefante branco, pensei: a pessoa que disse isso deve ser neta da pessoa que, quando Brasília foi construída, disse que o Lago Paranoá não ia encher”, diz o secretário de Cultura, Hamilton Pereira, sobre a arena que em apenas 11 meses de operação recebeu 39 eventos e um público de 760 mil pessoas.

Agora, Brasília está em contagem regressiva para os sete jogos que serão disputados na cidade durante a Copa do Mundo da FIFA. E fora de campo, uma lista extensa e diversificada de opções culturais estará à disposição dos turistas e dos moradores do Distrito Federal. Alguns dos principais monumentos da capital, por exemplo, exibirão mostras e exposições relacionadas ao futebol.

Em Taguatinga, talentos nacionais e locais farão a alegria dos torcedores na FIFA Fan Fest, evento com shows e exibição pública das partidas. Para Hamilton Pereira, o Mundial será uma janela para mostrar ao mundo todo o potencial da cidade: “O evento é a oportunidade única que Brasília tem de oferecer as múltiplas faces do Brasil, que fazem parte das expressões culturais que temos aqui”, aposta, orgulhoso.

Confira a entrevista com o secretário de Cultura do DF:

Quais as opções culturais mais interessantes que os turistas que vierem para os sete jogos em Brasília encontrarão?

Brasília vai receber com dignidade os seus turistas. Não apenas os que forem ao estádio, mas os que visitarem nossos pontos turísticos. Temos a Praça dos Três Poderes, com o Panteão da Pátria devidamente recuperado e com excelentes exposições. 

Ao lado do estádio, as pessoas podem usufruir do Clube do Choro. E se os turistas quiserem ir além do Plano Piloto, podem ir à Casa do Cantador, que apresentará o repente brasileiro, em Ceilândia. São apenas alguns exemplos da riqueza que temos aqui.

Haverá uma programação específica durante o Mundial?

No período da Copa teremos mostras de cinema no Cine Brasília, que também foi restaurado, além de exposições no Museu da República, pensadas para o Mundial, inclusive relacionadas ao futebol. 

Nós queremos ampliar a oferta do ponto de vista da cultura brasileira, tendo em vista que, no Brasil, o futebol é mais do que um esporte. É uma dimensão da identidade, e, portanto, da cultura do país.


A Copa do Mundo é uma oportunidade de mostrar os potenciais culturais da capital do país?

Sem dúvida. O evento é a oportunidade única que Brasília tem de oferecer as múltiplas faces do Brasil, que fazem parte das expressões culturais que temos aqui.20140411ASB 3010sec cultura5

E temos espaços para todas essas expressões?


Aqui precisa ter, e tem, lugar para todas as manifestações culturais do país. Se você vai a Ceilândia, é como se estivesse em Campina Grande, na Paraíba. Se você vai a Planaltina, se sente como se chegasse a uma pequena cidade do interior de Goiás. Em Taguatinga, é como se estivesse em Uberlândia, Minas Gerais.

Já o Cruzeiro lembra São Cristóvão, na zona norte do Rio de Janeiro. Brasília é isso. Esse mosaico produz expressões culturais que buscamos estimular e que todo o mundo verá durante o megaevento.

Durante o Mundial teremos a FIFA Fan Fest. O senhor pode falar sobre a escolha do Taguaparque ?
O espaço é ideal para uma festa dessa proporção, pois está localizado no maior conjunto habitacional do DF, que abrange Águas Claras, Vicente Pires, Taguatinga, Ceilândia e Samambaia, por exemplo. Juntas, essas regiões representam algo em torno de 55% a 60% da população do DF.

O governador Agnelo Queiroz pediu que a festa fosse democrática e popular e o Taguaparque é o local ideal, representa isso.

Os shows vão animar os brasilienses e turistas na FIFA Fan Fest, e a bola vai rolar em sete jogos no Mané Garrincha. Como o senhor avalia o aproveitamento do novo estádio até agora?

20140411ASB 2987sec cultura3O Mané é um estádio moderno, belíssimo, e que, aos olhos dos adversários de Brasília, parecia inviável. Da mesma forma, quem olhasse para o craque, o jogador Mané Garrincha, com as pernas tortas, não imaginava que ali se escondia um gênio. Pois bem: o atleta Garrincha deu certo, e o estádio Mané Garrincha também. É a arena com renda recorde entre os estádios do Brasil e a maior presença de público.

O estádio já é uma referência?

Quando disseram que o estádio seria um elefante branco, pensei: “a pessoa que disse isso deve ser neta da pessoa que, quando Brasília foi construída, disse que o Lago Paranoá não ia encher”. Então, a arena multiuso deu certo, como a cidade deu certo.

Esse equipamento é uma necessidade para a capital do país e a sociedade já o acolheu como espaço de referência. Portanto, ele já faz parte da história e da identidade da capital do Brasil.

De que forma o estádio se insere na política de cultura do DF?

Em primeiro lugar, Brasília não ganhou um estádio. Brasília ganhou uma arena multiuso. Isso significa que a população da capital do país recebeu um equipamento dos mais modernos do mundo, com capacidade para sediar grandes eventos esportivos, culturais ou de qualquer outra natureza. Isso nos coloca no circuito dos grandes eventos internacionais. 

Com essa condição e a tecnologia do estádio, teremos agendas cada vez mais diversificadas. Espaço não falta. É uma cidade, bonita, equipada e preparada para receber eventos de todo tipo.

A Secretaria de Cultura tem planos de estimular a apresentação de artistas locais no estádio?

Agora nós estamos trabalhando sempre levando em consideração que temos essa possibilidade. Evidentemente, a arena, propriamente dita, é para grandes eventos. Mas o estádio, hoje, está desenhando o seu perfil de serviços para a cidade. Recebemos recentemente o pianista Arthur Moreira Lima para uma demanda menor, o lançamento de um livro. Isso mostra que as opções de espaços são variadas. 

Estamos atentos para dialogar com a Secretaria Extraordinária da Copa para que o espaço possa acolher as demandas que chegam de fora, e ao mesmo tempo abraçar a produção cultural de Brasília.

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Brasília tem tido muitas manifestações culturais nos espaços públicos. Os grandes eventos que estão vindo para a cidade ajudam a aumentar essa mobilização?
A nossa perspectiva aqui é de estimular isso. Nós trabalhamos com três critérios fundamentais para a formulação e execução da política pública de cultura: democratizar o acesso, descentralizar o investimento e estimular o talento local. 

Trabalhamos a partir dessa visão e chamando a atenção para o fato de que Brasília tem manifestações culturais de diversas partes do país. Por isso, a cidade precisa ter lugar para todas. E precisamos estimular isso, juntamente com os eventos que a cidade recebe.

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