quinta-feira, 14 de junho de 2012

Governador abre sigilos bancário, fiscal e telefônico à CPMI



Agnelo Queiroz esclareceu cada uma das denúncias que apontavam suposto envolvimento de seu governo com o grupo do contraventor Carlos Cachoeira: quadrilha tentou derrubá-lo com acusações inverídicas, já que não conseguiu se infiltrar no GDF

 O governador Agnelo Queiroz presta, neste instante, depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as relações entre políticos e empresários e o grupo do contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos. O governador se dispôs a abrir seus sigilos bancário, fiscal e telefônico aos integrantes da comissão. “Não posso conviver com a desconfiança sobre minha biografia”, disse ele, nas considerações iniciais.

Por quase uma hora, Agnelo Queiroz esclareceu as denúncias que apontam suposto envolvimento de seu governo com o grupo do contraventor. O governador afirmou que a organização comandada por Carlos Cachoeira tentou derrubá-lo com acusações inverídicas, já que não conseguiu obter qualquer êxito em suas tentativas de se infiltrar no Governo do Distrito Federal.

“Não há nos documentos da Polícia Federal a indicação de um único fato que tenha praticado a favor de Cachoeira ou da empresa Delta. Este governo estava impedindo a entrada do crime organizado no DF e, por isso, queriam me derrubar. Estão claríssimas a trama e as articulações”, afirmou o governador, que destacou trecho de uma das conversas interceptadas pela PF, na Operação Monte Carlo. Nele fica clara a insatisfação de um dos integrantes do grupo, o ex-sargento da Aeronáutica, Idalberto Matias, o Dadá, com o GDF: “Os caras só nomearam inimigo da Delta. O que esse povo me ajudou até hoje? Ninguém nomeou um gari”. O diálogo é de 30 de março de 2011.

Sobre o contrato do GDF com a Delta para prestação do serviço de limpeza urbana, Agnelo Queiroz salientou que não há qualquer indício ou evidência de que tenha atuado para beneficiar a empresa. A Delta passou a prestar o serviço de limpeza urbana por liminar judicial, antes da posse de Agnelo Queiroz. Manteve o contrato desta forma até o último dia 18, quando a Justiça suspendeu a liminar ao desqualificar a empresa por ter apresentado documentação falsa para participar da licitação realizada em 2007.

Agnelo Queiroz apresentou um ofício endereçado ao governador Rogério Rosso, em 15 de dezembro de 2010, em que ele, já eleito, tratou da renovação de contratos essenciais que estavam na iminência de vencer, em áreas como proteção e manutenção de prédios, coleta de lixo, reparação de vias, aluguel de frotas, merenda escolar, entre outros. Em nenhuma passagem do documento é citada a Delta, cujo contrato era válido até 2015. “Só há três hipóteses para afirmarem que beneficiei a Delta com este ofício: não leram o documento, leram e não entenderam ou entenderam, mas, ainda assim, resolveram me atacar de forma leviana”, afirmou.

O governador demonstrou que, ao contrário do que foi amplamente divulgado, ele moralizou o setor de coleta urbana de lixo ao promover uma auditoria, logo no início da atual gestão, que apontou uma série de irregularidades na fiscalização no Serviço de Limpeza Urbana (SLU) e na execução do serviço prestado pela Delta. A constatação obrigou a empresa a cumprir fielmente o contrato com o GDF. A iniciativa, que incluiu medição dos caminhões que transportavam entulhos até o aterro, reduziu substancialmente os ganhos da Delta. “Só em um mês, os ganhos dela com a pesagem dos entulhos caiu de R$ 1,3 milhão para R$ 350 mil”, pontuou.

As medidas saneadoras logo repercutiram em represálias do grupo do contraventor Carlos Cachoeira, que, por meio de matérias falsas plantadas na imprensa, ameaçavam o governador. Nas escutas interceptadas pela Polícia Federal, na mesma época em que o GDF começou a apertar a Delta, ficou evidente o descontentamento dos membros da quadrilha. “Em 30 de janeiro de 2012, Dadá diz que eu levaria três ou quatro meses para cair se continuasse a apanhar. E Cachoeira disse: agora ele cai”, comentou Agnelo Queiroz.

Bilhetagem e fazenda – O governador detalhou ainda duas tentativas frustradas da organização do contraventor de se infiltrar no GDF: a de controlar o sistema de bilhetagem eletrônica no DF e a de legalizar um terreno comprado por Cachoeira, a Fazenda Gama. Na primeira, sequer houve licitação. Em março de 2011, o GDF tirou das empresas do setor o controle sobre a bilhetagem, devolvendo-o ao Estado. Além disso, o GDF prepara a maior licitação do Brasil para melhorar o transporte coletivo local: toda a frota será renovada. No caso da Fazenda Gama, a propriedade continua irregular.

“Como então falar de Carlos Cachoeira operando licitação no GDF? Como falar em favorecimento a Carlos Cachoeira?", questionou. "Se ele tivesse alguma ligação com o governador, precisaria contratar intermediário, lobista para chegar até uma secretaria? Se Cachoeira tinha acesso ao governador, por que aliciar servidores do Ibram, da Terracap ou do Incra para legalizar uma fazenda?”, disse

Patrimônio – O governador apresentou à CPMI as declarações de Imposto de Renda nas quais atesta o patrimônio do qual dispõe e construiu junto com sua esposa, a primeira-dama Ilza Queiroz. Agnelo disse que não tem nenhuma irregularidade em seu patrimônio pessoal.

“Não há um único reparo no meu imposto de renda. Não tenho um centavo de patrimônio a descoberto”, disse. Ele explicou que a casa foi comprada inacabada, com as economias do casal. “Não estou aqui para fazer negócio. Tenho passado limpo. Junto com a minha esposa, tenho renda para pagar minhas despesas e meus bens”, acrescentou o governador.

Agnelo Queiroz também destacou, em sua fala inicial, a situação de caos administrativo em que encontrou o Distrito Federal ao assumir o GDF e as medidas que foram adotadas para normalizar e conferir excelência aos serviços prestados à população. “Minha missão é recuperar a credibilidade das instituições públicas do DF. Ao fim do meu governo, Brasília terá uma agenda nova, com serviços públicos decentes”, destacou.





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