Reunidas em comitiva política, representantes da Articulação de Mulheres Brasileiras se reuniram na última semana para avaliar as Eleições 2012, troca de experiências, a participação das mulheres e suas candidaturas e a continuação da campanha “Quanto Vale seu Voto” ( http://www.quantovaleseuvoto.
Estiveram presentes mulheres do Rio de Janeiro, Piauí, Rio Grande do Norte, São Paulo e demais estados brasileiros para rediscutir o papel da mulher nos espaços públicos e na política.
A candidata a vereadora em Belém, Domingas de Paula - PT, coordenadora do Fórum de Mulheres da Amazônia Paraense também participou dos debates. Segundo ela, militante há 40 anos, o encontro é essencial para que as mulheres possam avaliar, discutir e planejar os próximos passos para o fortalecimento feminino dentro dos movimentos sociais. “Direito não é privilégio, é respeito às pessoas, ao ser humano. E isso deve ser passado para todos. É necessário fortalecer os movimentos sociais para que a relação entre governo e sociedade seja útil e construtiva. Prefiro morrer lutando por uma sociedade mais justa do que ficar calada em um canto”, afirma.
As mulheres ocuparam, pela primeira vez no Brasil, mais de 30% das candidaturas a um cargo eletivo. Nos 5.564 municípios onde houve votação, as mulheres foram 32,6% do total de 448.413 candidatos a vereador/a que concorriam às 57.448 cadeiras. A candidata a vereadora no Goiás, Fátima Veloso - PT, participou dos debates da AMB. Para ela o objetivo maior da participação de mulheres nas eleições é o aumento de pessoas interessadas no assunto. “É nosso dever defender o aumento de políticas públicas de qualidade para todas as mulheres. Isso envolve a participação da sociedade como um todo, seja nos trabalhos de melhoria de transportes públicos como nas lutas contra o câncer de mama”, disse Fátima. Nas eleições anteriores, em 2008 e 2004, as mulheres representavam 22,1% do total de candidatos/as a vereador/a (76.670 em 347.333 candidaturas em 2008; 76.555 em 346.419 em 2004). Houve um crescimento em números absolutos de 69.312 candidaturas femininas e de 10,5 pontos percentuais na presença de mulheres em listas eleitorais.
No início dos debates em torno da criação de um mecanismo de discriminação positiva para mulheres nas eleições brasileiras, no começo da década de 1990, os líderes partidários desenvolveram o mantra “mulheres não se interessam por política” para justificar seu desacordo. Segundo eles, as cotas não poderiam ser preenchidas exclusivamente por culpa das mulheres que, afinal de contas, não davam a mínima para a política institucional. Foi comprovado que esse mantra não era verdadeiro e que a pequena participação de mulheres na política acontecia não por falta de interesse feminino, mas sim como resposta de um processo cultural. Portanto, as cotas eleitorais eram necessárias para combater este quadro.
A obrigatoriedade das cotas eleitorais pode explicar o avanço em termos de candidaturas de mulheres ao Legislativo Municipal. No caso de candidaturas a prefeituras, onde o sistema de cotas eleitorais não é obrigatório, as candidaturas foram menores. Do total de 15.438 candidatos, elas foram somente 1.938 mulheres candidatas (12,6%). Ainda assim, houve um crescimento absoluto de candidaturas femininas (317 a mais do que em 2008), correspondendo a um crescimento percentual de 2 pontos em termos de candidatas à prefeita.
Fotos: Kathlen Amado / CFEMEA
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