Decisão judicial determinou que unidade deveria ter sido fechada em 2011.
Obras dos 5 novos centros para menores infratores não saíram do papel.
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Apesar de uma decisão judicial ter determinado o fechamento Centro de Atendimento Juvenil Especializado (Caje) de Brasília em outubro do ano passado, a instituição vai funcionar pelo menos até 2013.
Até esta sexta-feira (27), o Caje tinha 361 menores cumprindo penas socioeducativas – desse total 19 eram meninas, de acordo com dados da Secretaria da Criança.
Por determinação da Justiça do DF, o centro deveria ter sido desativado em março do ano passado, mas, após o GDF alegar que não teria como cumprir a decisão, o prazo de funcionamento do centro foi prorrogado para outubro de 2011, data novamente não cumprida.
O MP entrou, em setembro do ano passado, com pedido na Vara de Infância e Juventude para que a decisão que permite a entrada de novos internos no Caje fosse revogada, mas a solicitação ainda não foi analisada.
A Secretaria da Criança informou, em nota, que o sistema de reeducação de menores infratores vai ser reformulado com a destruição do Caje e a transferência dos internos para cinco novas unidades, a serem construídas em São Sebastião, Brazlândia, Santa Maria, Sobradinho e Gama, destinada para meninas infratoras.
Segundo a pasta, a construção dessas unidades atende ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que determina que a execução de medidas socioeducativas devem ocorrer perto da comunidade do menor infrator, o que favorece o acompanhamento de familiares durante o período de internação.
De acordo com a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), cada nova unidade masculina terá capacidade para abrigar 98 menores, com custo estimado de R$ 14,5 milhões. A unidade do Gama terá capacidade para receber 42 meninas e a previsão é de custe R$ 11,2 milhões.
A Novacap diz que a unidade de São Sebastião é a que está com o processo mais adiantado, e as obras devem ser iniciadas até março deste ano. Os editais das unidades de Brazlândia e Santa Maria ainda não foram publicados.
No caso do centro de Sobradinho, o projeto sequer está pronto. A estimativa da Novacap é que, assim que forem concluídas as licitações e assinados os contratos, as unidades fiquem prontas em 11 meses.
“O MP se convenceu de que a melhor opção é demolir o Caje e construir uma nova unidade. O centro foi construído com alvenaria inadequada, com paredes de pré-moldado. Isso é um tipo de construção que não é adequada à privação de liberdade nem de adolescentes nem de adultos."Estrutura precária
Na avaliação do promotor da infância e da juventude do MP, Anderson Oliveira, o centro tem três problemas crônicos: falta de estrutura adequada, superlotação e falta de monitores capacitados para lidar com os internos.
Oliveira diz que, para amenizar o problema, foram feitas reformas no espaço, mas elas não diminuíram o desconforto dos menores instalados no Caje.
“Foram feitos vários puxadinhos, mas isso só piora a situação. Os menores convivem com goteiras, instalações elétricas precárias e não têm água quente. As paredes também são muito frágeis e os internos conseguem retirar vergalhões que podem ser usados para agredir outros menores e os monitores.”
Denúncias de tortura
O Ministério Público também está apurando denúncias de maus-tratos e tortura de menores dentro do Caje. De acordo com Oliveira, as denúncias das agressões partem dos internos, de familiares e também de funcionários do local.
O Ministério Público também está apurando denúncias de maus-tratos e tortura de menores dentro do Caje. De acordo com Oliveira, as denúncias das agressões partem dos internos, de familiares e também de funcionários do local.
“Há indícios muito fortes, por exemplo, de que em setembro do ano passado, cinco monitores entraram na cela de um adolescente e o agrediram com intensidade.”
Sobre a construção de uma unidade de internação exclusiva para as menores infratoras, o promotor diz que a proposta é "interessante", mas não necessariamente a melhor opção.
“Do jeito que está hoje, o Caje não se presta para a internação nem do sexo masculino, nem do sexo feminino. Se uma nova unidade for construída de forma humanizada, de acordo com o que estabelece o Estatuto da Criança e do Adolescente, na há restrições em se misturar [os gêneros], da mesma maneira como não há problemas em escolas mistas”.
Vista geral de quadra esportiva do Caje, que fica no
Para promotor do MP, reformas feitas na unidade de internação não amenizaram desconforto dos internos (Foto: Jamila Tavares/G1)
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